A VERDADE TEM COR

O sangue que corre nas veias, lento, não é o mesmo que encharca os pensamentos dispersos. Cantar e contar sobre a vida tornaram-se obrigações desprovidas de naturalidade.

A alma sedenta e faminta estava perdida em um desses dias azuis que o cansaço pinta. Os pincéis são tão duros que não aderem à tinta. Unhas vermelhas, sombra da cor dos olhos, blusa rubra sem cinta.

À noite, um presente de meus irmãos de sangue: companhia de risos azuis que salvaram o dia e fizeram a minha face implorar verdades. A alma se colore ao devorar tomates secos e um cálice seco.

- Você precisa sair desse paradoxo. Disse a voz doce em meio a eufemismos e metáforas. Quase não consegui engolir, mas minhas mãos de unhas escuras levavam o chopp de vinho à boca vermelha. Uma pausa sem cor e o olhar perdido na imensidão cor de sangue.

Três olhares cúmplices se abrem numa gargalhada azul com gosto de sobremesa. Cereja doce na madrugada e um abraço tinto de boa noite. Os olhos vermelhos, cansados de se perder, encontram um cais na escuridão dos cílios cerrados.

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