PÔR-DE-MIM

Entre nuvens de aço e chuvas ácidas
Não há luz capaz de nos colorir
Indefinidas linhas dos raios seus
Raios que sufocam e o partam

Melodias avessas ao que constrange
Procurando notas entre claves e sóis
A sós, nosso amor é puro
Com outros, vêm-se os nós

Como chover sem pesar?
Como raiar seu penar?
Como nascer sem pensar?
Evitemos evaporar.

Eu chovo.
E então me ponho em seu horizonte...





nota bônus:
Dizer pra esse aperto no peito que eu não sou como aquela nuvem que fica sofrendo, cinzenta. Eu chovo, pra ver o dia clarear! Só que meus olhos ardem e sempre perguntam quando acabará o inverno.
A vida e nós somos simples. Complicados são os nossos sentimentos...
DESDE SEMPRE

Minha boca incansável de palavras
Brota de uma fonte inesgotável de idéias.
Calar é arte esculpida em mim
Com espátula de força e vontade.
Parar é arte pintada em mim
Com pincel de necessidade e leveza.

Não é que gosto de trabalhar demais,
É diferente: gosto de pensar;
De sentir a utilidade das minhas veias
No pulso da humanidade.
De saber que aqui ou acolá
Posso produzir, escrever ou cantar.

De tanto deixar-me moldar,
Melhor, de tanto tentar,
Acabei virando uma teimosia divina,
Com a certeza inabalável de um Amor que abraça.

Apesar da minha tranqüilidade inconstante
E das minhas reações inconscientes
Sou olhos em paz e contentes,
Sou de mar e de sol nascente.