MACABÉA

Saudades do tempo em que a musiquinha era o principal da roda. A bola podia ser de meia ou de "pedrinha miudinha". Leve, explodia ludicamente na mão de alguém. Hoje o jogo virou tragédia. A bola é um fardo quente nas costas, uma bomba-relógio. Ninguém canta, só contabiliza procurando trapacear para que a bola não caia nas próprias mãos. Quantas vezes tentara dar um sumiço na pedrinha. Mas todos eram saudavelmente espertos.

Hoje me perco na tentativa inútil de descobrir onde foi parar um pedregulho que seja. Sempre conseguem transfigurá-lo da maneira mais esdrúxula. São como dispositivos místicos prontos pra explodir no seu bolso. A onda agora é bola de cristal.

Abra-te sésamo e faça com que essa bola (des)apareça.
Abracadabra e faça a bola parar em alguma mão.
Espelho, espelho meu, terei de volta o dinheiro que era meu?

E me lembro de meus amigos. Ok! bola de meia, de cristal, musiquinha a girar na roda. Ainda tem muita gente boa nesse mundo. E estão aqui, estrategicamente pertinho de mim, como “pedrinha miudinha” no meu tempo de criança...

Nenhum comentário: