SEIVA

Era madeira verde, que insistia em querer ser brasa e só podia ser clorofila fresca e sedenta, cheia de seiva. Não conhecia os espelhos, mas cada gota de orvalho refletia uma faceta de si e o despedaçava em mil focos de sede.

Suas veias verdes são fortes e por isso não se protegem do vento. Ao contrário, se entregam à ventania desértica e sorrateira. Talvez isso atraia suas folhas secas.

Por mais verdejante que seja, mais dia, menos dia folhas suas colorirão o ar e darão sentido ao ciclo da vida, em outros alicerces. Um dia, quando deixar de ser verde e morto estiver, será útil para aquecer até mesmo os que nunca o regaram com carinho.

Nenhum comentário: