SAUDADE

Se vai por estradas que valem a pena, por sentimentos que inundam o avesso de nós mesmos; se vai nos segundos que nos foram gentilmente concedidos para viver intensa e verdadeiramente. Enquanto isso, esvai-se. Como a mão em formato de concha tentando matar a sede, enquanto a água escapa-te por entre os dedos. Como a inútil tentativa de encaixar o anel de criança no dedo inchado pelos anos que se passaram. Como a ausência da borracha na tampa de uma panela de pressão.

Detalhe saudoso e grave. Fútil e relevante. Berrante e pequeno. Previsível e inesperado.
Tudo que é, um dia se torna saudade. Que me dirás da falta de alguém?

Saudade: um detalhe submisso a um lapso de segundo. Um segundo submisso a um lapso de sentimento. Um sentimento na mão em formato de concha.

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