E VOCÊ, NÃO VAI ESCREVER A SUA HISTÓRIA?

D. Rita e sua família me conquistaram não pela simplicidade do seu barraco superlotado, mas pela simplicidade da confiança que temos uns nos outros.

Conheci D. Rita através da sua filha, Martinha, que fazia parte das pessoas com quem trabalhávamos num projeto social. Quando rolavam pecinhas de teatro ou rodas de capoeira, Martinha era um show à parte para toda a comunidade.

Encontrei Martinha por acaso numa tarde chuvosa. Ela, agora uma mulher trabalhadeira, revelava que estava sustentando a mãe e os outros três irmãos sozinha.

- Três irmãos, Martinha? Não eram quatro?
- Pois é... Um irmão meu saiu de casa.

Fui visitá-los 6h da manhã - o único horário que encontrei livre pra conversar um pouquinho com D. Rita.

- Dormindo tia Rita?
- Que dormindo, minha filha?
- Acorda cedão, né?
- Ô Manu, acordo do pesadelo quando durmo...

E me contou que tinham visto Jonas na invasão do Clube Português. Fomos até lá procurar Jonas. Um prédio abandonado que virou moradia de dezenas de famílias sem teto. De fato passara por lá, mas já tinha partido há alguns dias. Não se sabe o paradeiro.

Tia Rita insistia que com certeza Jonas estava entregue às drogas todo esse tempo. Conversei com Martinha e em seguida partiram as duas com os três reais que as dei pra voltarem pra casa.

Ontem Martinha me ligou para que eu me despedisse de tia Rita. Jonas estivera no interior, ajustando-se em um emprego na zona rural e arrumando um casebre para a mãe e seus irmãos.

E aqui eu apresento a página branca.

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