AINDA QUE NÃO DIGAS QUEM SOU

Parece que minha outra parte esqueceu-se de mim.
Diga-me uma singela certeza.
A preciosa cama sem lastros, onde durmo em lençóis de dor e carinhos do vento frio.
Abrace-me como se o dia de hoje fosse um ontem estampado no tempo da arte-mãe.
E arte tem mãe?
Minha mãe foi ali, comprar pão. Voltou não...
Meus amigos estão na serra, construindo projetos inúteis que não duram pra sempre.
Meus projetos duram pra sempre?
Faça-me um projeto eterno.
A crise do querer o que passa é também passageira?
Conte-me uma história de amor em lânguidos beijos fugazes.
Passe-me o açúcar.
Quero o carpe diem que vale.
Cantar dos montes-arranha-céus, onde meu matahal é você, com aquele cheiro amargo.
Deguste-me com ouvidos puros e absurdos.
Porque desde aquele dia não consigo viver.
Tento cantar a canção não feita que não me sai da cabeça.
Cante-me uma cantiga de amor, ainda que não digas que sou.

Nenhum comentário: